Fragmento

Espargir meus sentimentos,

Enxugar toda a minha alma

E voar mesmo sem calma

No infinito da poesia...

Derramar os meus lamentos,

Lamúrias loucas, mazelas

Com as artes, formas belas,

Com o abstrato da magia...

Parece até insanidade,

Superficialidade,

Tola falta de verdade

O canto do passarinho.

Mas quem esteve no ninho

Vendo a ferida incruenta,

Sentindo o ardor da pimenta?

Foi o vate tão sozinho.

Queria pular,

Sair e voar,

Talvez não ter ar,

Pra sempre fugir!...

O meu desespero

Tem tosco compasso,

Não sei o que faço!

Talvez sucumbir.

Adeus meus amores passados,

Adeus meus amores febris,

Paixões que fizeram de mim

Pior do que o vil Querubim...

Anelo ter flores de anis.

Eu não sou mentiroso a tal ponto!

Sei que voo sem ter as aletas

Mais formosas do mais ledo conto.

Ah, meus versos são como os cometas!...

14/07/2014 3h13

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 15/07/2014
Código do texto: T4882399
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