O FAZER POÉTICO
Nem sempre escrevo
acerca do que penso,
pois para escrever
não preciso pensar
tanto; a poesia brota
em mim de um modo
tão intenso, que deixo
ela fluir do seu casulo
cheia de encanto.
O fazer poético não
me causa nenhum
quebranto, posto que,
provém do meu íntimo
prazer imenso; flui
espontâneo o verso,
como seiva, em tão
melódico canto
de pássaro no galho,
quando a tarde cai
sem o nevoeiro denso.
É por isso que, sem
pensar tanto, deixo
que a inspiração
guie o texto poético
mover-se livre como
as águas cristalinas;
escoando por entre
as pedras, os peixes,
as algas, numa aquosa
emoção da alma
poética sendo irrigada
pelas emanações
artísticas divinas.
E quando o poema,
enfim, sente-se
concluso, o poeta
desperta do transe,
do êxtase pensante;
pois o influxo do fazer
poético o transporta
sempre à realidade
literária transcendente.