Autorretrato
Eu desenho e construo pontes
Bebo água direto das suas fontes
Transformo rascunhos em arte final
Alimento-me de energia pura e vital.
Nunca sou parte, sempre inteiro e total
Acima de tolos conceitos do bem e do mal
Ignoro e descarto qualquer opinião alheia
Caminho incólume sobre qualquer teia.
Descarto dogmas, costumes e convenções
Possuo o corpo fechado para maldições
Costumo me encantar com os senões
Adoro brincar com a cabeça na boca dos leões.
Abomino limitadas e restritivas definições
Caminho na tênue fronteira entre a realidade e as ilusões
Sou camaleão, mudo de fantasia, mas não de essência
Não compactou com religiões e sim com parte da ciência.
Nem melhor nem pior que ninguém, apenas diferente
Do tipo que não admira a flor e sim a semente
Para alguns misterioso e para outros, transparente
Admiro sempre o culpado e me entedio com o inocente.
Sou esfinge, decifra-me ou devoro-te
Subitamente, ora ignoro-te ora quero-te
Não concedo respostas, apenas mais questionamentos
Sou onipresente, estou em todos seus momentos.
Não perca seu tempo tentando me entender
Não desperdice sua energia buscando me esquecer
Ao longo de toda sua existência eu vou viver
Resta-te entender que para me ter é preciso me perder.