PAISAGEM MATINAL


Em que livro o jardineiro
escreveu seu pranto
à luz daquela aurora?

Os pássaros imoblizaram-se
à passagem das nuvens pelo céu
e as sombras dos vasos
dançaram nas varandas.

Que eternidade em cada dia
no azul refletido pelos olhos
das estrelas escondidas
e a insônia dos círios
dentro da alma.

Flauta translúcida
enlaçada às lágrimas aéreas da saudade
que não se desmancham
com os ventos em seu exílio
de primaveras.





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