imperativo

olhe: uma ausência furtiva

domina o tempo, o ar de moléculas

diluídas de solidão. veja: o silêncio

(silício de metal e acrílico)

definhava as hóstias e honrarias

e estavas satisfeita com o anúncio

dos dias de todos os santos.

olhe: não terás no inverno

uma saudade crua, vital,

como naquele ano que não

vimos os barcos partirem

o avião decolar

as serenas mariposas

e a dança das labaredas.

sinta: que o tempo despedaçou

o que nos era essencial

- essa máscara vítrea

de emoções voláteis

e nos fez, tão-somente,

essa eternidade remota

que não se contém

nem nunca chegará.

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 03/07/2014
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