Mistério nº 2

Longe, no outeiro, estavas.

Próximo à linha do poço

escondia-se.

Nos frisos do desejo,

ancorado à ciência,

a criatura de vivas faces

alimentava-o

em dinastia de crepúsculo.

Todavia, a morte extinguia-o

de suas feições humanas.

Impreciso de luas, tateavas

A carícia em lentidão.

Longe, na montanha,

dormia de ingratas avencas.

Eras o mistério e a morte.

E como te encontravas no gesto

da renúncia, no desvio humano

das ladraduras! Em silêncio último

guardavas o tempo como um cristal,

súbita simetria alimentada.

Nos perfis ausentes te domavas.

Eras a vitória a ser consumida

Em águas límpidas do acaso,

entre a vaga da angústia

e a serenidade com que punhas

o trigo na alforria do sol,

luz sinistra ou sépio caracol.

Nascias nas órbitas secretas do mundo.

Eras o mistério e a morte.

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 29/06/2014
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