O Trinco

I

Avante! Ali completamente, visto... Assim, físico...

O fremir no trinco cético.

Vi ao prospectar toda a ordem corpórea,

vil...

Vi do mar às vísceras continentais, tudo visto: trêmulo poeta

As lembranças, os livros, os sopros.

E de tudo fez-se a arte, de tudo isto,

tudo visto.

Catarse

Fremeu, o homem, cético:

o trinco, o homem

(Trêmulos)

Tudo treme à tudo... tudo , porém, a excentricidade augusta da pena responde,

Nada responde à pena... e nada é a pena.

A pena.. Tragam-na!

Não a cuspam de tinta na vertigem!

Nada responde à pena... e nada é a pena

Algozes... sois pena ?

Nada responde à pena... e a pena é nada

As voltas sonoras dos ruídos: Tragam-me a maldita pena!

Nada responde à pena... e nada vale

II

E foi feroz fluindo imensamente

Uma massa agônica ou lembrança

Da dor que, voraz, no pulso avança

Junto aos pensamentos inocentes

Carrega-me dos olhos (o gatuno)

As preferências tuas, todas elas:

Claras pupilas, imensamente belas...

Mesmo o calor daquele corpo uno

Vês que logo me conformo e triste

As melancolias deito... num abismo

Porém, num lapso, novamente cismo

Toda a dualidade que resiste

E as voltas acres da etérea mola

Açoitando a noite e seus vãos crimes

A lua augusta, vagamente imprime

Toda uma espádua que me consola

"Uns doudos sobre a curva dos silentes"

Diz a mim meu sinistro singular;

E o vento pelas mãos a latejar

Toda a voz estupenda dos cadentes

Oh, voz... Arre! Tremeluzir do átrio!

A palidez, a palidez, confusa

A voz teu pó assim reduz e usa

Toda a carga do teu sentimento pátrio

III

Consolam-me os rastros dos navios: Mínimos...

Ante o couro da umidade, tudo é senão a morte.

De forma então à dialógica dos registros,

então bordada em gentil conformidade tão só

minha e volátil aurora!

É ela, no alto pergaminho anil...

Na encosta da cegueira, couberam rasos sentinelas.

O trinco, a sibilante estátua bruxuleia,

roda o eixo e nada responde... senoidal demônio.

IV

Punha o dorso rutilante em agonia

vespertina... que diacho!

Um ar convexo, salivas em coorte

nos resíduos. Carbúnculos secos,

Este finito das tardes carnívoras...

Lembro-me bem de um certo transtorno

amoroso, de vários pensamentos vários...

Sei que caminhávamos pelos rins do

compacto sistêmico de um absoluto,

Lembro-me bem... Que de transtornos

e carnes, a tarde passava pelas

jugulares do tempo, petrificada.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 26/06/2014
Código do texto: T4859384
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