Nula

Escorre o movimento sobre a Sombra oculta.

A tarde fascinava o versejar raquítico

No chão. Dedos homéricos e a Dor que ausculta

Emergem, simples, junto ao firmamento mítico

Do cume. Prendem mãos e bocas no declive,

Espaçados na muda mucosa da tarde.

Findo o pulso, tendão senil, branco, que arde,

A esmorecida face. No sonho que vive,

No orbe, a mesma

Sina nefasta pendula.

O carcinoma gráfico, alto, logo insurge

Num elo anil curvado pelo tempo e ulula

A antiga solidão. Qual homem seco turge?

Escondem-se dormentes cais,

o crânio espera

A Disperção aberta, fônica, abissal.

Vãs vozes vespertinas vacilam quimeras

E tu, límpida, evola deste peito o mal.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 10/06/2014
Reeditado em 14/11/2014
Código do texto: T4840163
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