Nós, eu e os outros nós.

Sabe aquelas coisas difíceis

mais difíceis mesmo

tipo...

ao olhar qualquer coisa, vê-la com simplicidade?

Não aquelas imbecilidades infantis que os santos praticam:

vestir-se simples, comer simples. 

Não é dessa simplicidade que eu falo!

Simplicidade; 

encarar as coisas diretamente,

sem medo.

Encarar a nós mesmos, diretamente, sem medo.

Encararmo-nos sem transgredirmos nossa própria imagem

Dizer que mentimos, quando o fizemos

e jamais esconder de nós mesmos ou disso fugirmos.

Você já experimentou viver contigo mesmo?

Você é uma coisa viva!

E conviver com coisas vivas não é fácil,

inclusive com a coisa viva que é você.

Nisso

você

jamais

poderá

depender

de ninguém.

Aqui só existe você

suas relações com os outros

com o mundo.

Nada mais.

Isso é desesperador!

É,

deu pra sacar que o responsável pelo mundo e por você é só você?

Tudo que você pensa, sente, faz é você.

Agora larga essa autocompaixão,

que, na real, é mera mentira.

Mentimos que não tem nada a ver conosco. Mas tem!

A culpa não é dos outros.

Então eu olho pra tudo que se passa no mundo

e nada é exterior

e nada é interior.

Tudo é uno.

E este uno está em constante trasformação

movimento.

E o movimento de dentro se expressa fora

e o movimento de fora se expressa dentro

e no fim tudo é um só.

Mas minha mente não é livre pra observar o movimento.

Não sei escutar meu próprio ser

nem o som de um córrego

muito menos da chuva

ou o vento entre as folhas.

Não posso escutar-me pois meus ouvidos estão presos,

atrelados a valores,

filosofias,

fé,

juízos,

opiniões.

Para me ver, necessito simplicidade.

Simplicidade sem essas idéias complexas,

sem conceitos do passado dominando todo meu presente e redigindo meu

[futuro.

Cada um de nós aduba suas próprias projeções:

a imagem de quem pensamos ser

a imagem de quem deveríamos ser

a imagem de quem gostaríamos de ser

a imagem que não nos permite ver a nós mesmos.

Deve ser muito foda olharmos para nós mesmos

com simplicidade

sem algemas

e vermos quem realmente somos.

Dói,

mas é a única maneira de ir além.

Paulo Henrique Mai
Enviado por Paulo Henrique Mai em 08/06/2014
Reeditado em 08/06/2014
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