Imenso: o Sol do Nada

Os oiros vertem no sopro oleoso

da aurora, o som deficiente e grave

a romper cócleas de um ermo gozo,

outras luzes menores pelo entrave

os oiros vertem no sopro oleoso.

Na face o fremir de um som sidéreo

ao evaporar do negrume o orvalho:

nasce da fluidez do espasmo aéreo

as iluminuras secas de um galho

e o peso sublime do fruto férreo.

O Sol a sussurrar na relva espelhos

de poeira, as gramíneas soturnas

haverão de ser pisadas nos velhos

e musicais vultos pelas noturnas

carcaças no celeste antes do hélio.

Escudos gastos da superstição

úmida, rápida, do

tempo-vício

não tardam a romper à sua mão

Oh! Suspiram os pedaços do ofício

na hediondez

d'uma imensidão.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 08/06/2014
Reeditado em 09/11/2014
Código do texto: T4836528
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