TERRA SÊCA
Nessa estrada por onde vagam sonhos e fantasmas,
Antes existiam água e frutos.
E a sede era apenas sede de amar.
Estas terras por onde correram rios
Abrigam agora areia e pó, e cicatrizes no chão,
Como tardes amareladas de sertão.
E se os lábios ainda são ávidos
Os olhos secaram o pranto
No trajeto entre o sonho e o despertar.
Terra estranha essa, de gente apressada
Fumaça no ar , carros na contra-mão
E desolados campos ermos.
Se a noite o céu já não tem estrelas
anunciando esperanças ou utopias
As manhãs revelam-se brancas de névoas.
E da brancura das manhãs , no frio árido
Surge quentura em solo infértil
onde raízes imensas tentam resistir.
É terra seca, sem vegetal
No mineral silêncio das pedras
Na solidão do asfalto e dos muros.
No rosto dos homens há uma secura
Que transborda como num rio de areia
Onde se instalou um riso esculpido.
O que agora sobrevive , é seca e vento
nos desolados espaços onde antes
havia olhos úmidos e bocas rubras.
E corpos mecânicos que se deslocam
Todos os dias esforçam-se e se revezam
para abrandar fuligem e calor .
Terra estranha essa, sem jardim , sem essência
de rostos de cal dentro de ternos de linho
e enigmáticos pensamentos.
Que estranha geografia é essa
que apartou a umidade dos olhos
E secou o sangue nas veias?
Que história de força ou de chumbo
deixou amímica face dos homens
obstruindo-lhes a glândula lacrimal?
Onde a terra seca possuirá veredas
para absorver a água do mundo escondida
em desamor, semente e maresia?
Marcia Tigani_ Junho 2014
Nessa estrada por onde vagam sonhos e fantasmas,
Antes existiam água e frutos.
E a sede era apenas sede de amar.
Estas terras por onde correram rios
Abrigam agora areia e pó, e cicatrizes no chão,
Como tardes amareladas de sertão.
E se os lábios ainda são ávidos
Os olhos secaram o pranto
No trajeto entre o sonho e o despertar.
Terra estranha essa, de gente apressada
Fumaça no ar , carros na contra-mão
E desolados campos ermos.
Se a noite o céu já não tem estrelas
anunciando esperanças ou utopias
As manhãs revelam-se brancas de névoas.
E da brancura das manhãs , no frio árido
Surge quentura em solo infértil
onde raízes imensas tentam resistir.
É terra seca, sem vegetal
No mineral silêncio das pedras
Na solidão do asfalto e dos muros.
No rosto dos homens há uma secura
Que transborda como num rio de areia
Onde se instalou um riso esculpido.
O que agora sobrevive , é seca e vento
nos desolados espaços onde antes
havia olhos úmidos e bocas rubras.
E corpos mecânicos que se deslocam
Todos os dias esforçam-se e se revezam
para abrandar fuligem e calor .
Terra estranha essa, sem jardim , sem essência
de rostos de cal dentro de ternos de linho
e enigmáticos pensamentos.
Que estranha geografia é essa
que apartou a umidade dos olhos
E secou o sangue nas veias?
Que história de força ou de chumbo
deixou amímica face dos homens
obstruindo-lhes a glândula lacrimal?
Onde a terra seca possuirá veredas
para absorver a água do mundo escondida
em desamor, semente e maresia?
Marcia Tigani_ Junho 2014