Turvo
A pupila opaca vertiginava
um véu glacial que sucumbia
pelos corredores
de envelhecidas madeiras.
Disse-me a criança, absorvida,
um monte de mentiras suspirantes,
certas como as flores que cerravam
os ventos tubulares
e o cômodo
inteiro
jazia o indizível silêncio.
Desce-lhe do globo branco
um filamento de pavor de um mar revolto,
a língua apontava para os soluços
misturados a imobilidade dos pés
como pólipos segmentados por nada.
O ato interminável de me tatear
as pernas arrancava
do imaterial a cólera
ajuda-me...
ajuda-me!
A aproximação latente
turvo, tudo é turvo tudo é turvo.
Sigo no mesmo retrato como se tivesse
cera nos tímpanos, meus passos correm
pelas erosões no concreto, a civilização
passa e o tempo liquefeito correu
para detrás dos exílios da mente
junto ao hábito dos coveiros
Nada muda,
esta inodora instabilidade
afunilando os sentimentos
empalados nos alvéolos.
A cruz solitária do deserto
corpóreo
vasculhava
caminhos em meus signos
vermiformes,
e até
outras obras
d'outros sísmicos inícios
da sacra visão efêmera
de uma criança com medo