Eu sou a noite

Naquela noite jazia

Fria

Nua e branca

A lua caída

Nos antes verdejantes - campos.

"Óh céus, despencas sobre mim agora?

Nessa fria noite caças minha

Vida que outrora

Tão fielmente ao Senhor pertenceu?"

Corria pelos campos negros

Com estrelas despencando

Despregando

Escorrendo céu abaixo.

E a terra, invejosa

Começara a se partir

Abriria feito boca

Iria na certa o engolir

E nem salto nenhum

Salvaria deste pobre diabo - o corpo.

Nenhuma oração

Levaria tua alma ao topo.

"Óh céus, nada fiz para merecer tal castigo

Estás sendo... Injusto comigo

Ainda não posso morrer...

É muito cedo, sou muito novo para perecer"

Rasgou-se a noite então

E o verde retornava

Surgia proeminente no céu, o brilho do fim da madrugada

Ascendia vibrante o renascer.

O homem caindo no vazio

Da boca da terra, sendo engolido pelo mundo

O brilho cegou seus olhos, o calor secou seus lábios

Seguia agora no rumo da noite interminável.

"Óh céus, posso eu tolo ser?

Se cumprir meu tempo posso, como o sol

Um dia reviver? Nascer de novo, depois de encarar

O período da escuridão... Voltar das trevas e encerrar a solidão?"

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 01/06/2014
Código do texto: T4827831
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