Para o Mar as dores
Fiz da treva meu lar,
por a nenhum lugar pertencer.
Quis adormecer no mar,
pras frias ilusões esquecer.
Foram-se os dias que ao sol me banhava,
e na alegria passada ventura alguma sonhei.
Ansiava somente em tua companhia estar.
Mas como os barcos que na tempestade às ondas sucumbem,
fui eu assim a teus afundar.
Como o crepúsculo que encerra a luz,
ofereço a cruz que sob minha'lma pesa.
Humildemente venho estas lágrimas entregar.
Ó ondas vorazes,ó noites sem fulgor,
quando em devaneios me apanho ao teu spleen perecer.
Rubras estrelas,rubras rosas que roubas-te para mim,
hoje murchas e apagadas como as missivas que atirei ao mar.
E o amor que me juravas,era pouco...
Se apagou.
Ao menos me sobrou o mar,
é em seus braços que irei repousar.
Esqueça o corpo,desterre os beijos,
a carne apodrecerá, dos filhos de Netuno serei alimento.
Estais livre!
Hoje me entregarei ao mar.