Lágrima
Lágrima
Pela Noite estéril escuto a valsa pura
ou no horizonte negro a vejo mais escura
tão opaca quanto a força de um ser triste
que enforca o pulso sonoro d'outras almas
e olha as mãos e ergue a cor das palmas
ao ouvido que no exposto crânio existe
E vão-se as pétalas doudas arrancadas,
e levam sons como no tilintar de espadas;
Morrem secos na ciência do arquiteto
que desenha, disforme, o ambiente curvo
e no espaço lúgubre, vejo e absorvo
a taverna encefálica que abriga um feto!
Como na primeira aparência de um adorno
levo junto ao branco meu inconsciente morno
e a natureza impecável de um homem cego
quando sabes que falta-lhe a rutilante imagem
como a leguminosa dependente de uma vagem:
eis o humano absorto ao dependente ego!
Sou cruelmente humano, como os mutilados
ébrios, difusos e nas eras cravados
equipados as sombras que os imobiliza!
Homens vastos, imprudentes, letárgicos
mercenários, loucos devotados mágicos
como um da vinci a sua mona lisa!
Ah! a expressão sangúinea da histologia
busca baques velhos da hegemonia
duma merencória lucidez imaginária.
Ensina aos olhos nus a prece ilusória
a tirar demônios ambíguos da memória
e a obstrução gritante desta coronária.
O vento atroz envolve o vulto inverso
ou a mutação de um seco universo
construído em ruínas de ocas de catedrais
onde os cultos ressoam como mitos
de criaturas a conversar com gritos
dos outros seres de hordas virginais!
E embebido em velhas lágrimas de umbrais
não resisto ao fervor único dos sinais
que examinam a minha grossa anatomia
que se exclui a outra existência bruta:
a pele metálica da vileza e insulta
a dispersão fatídica de outra companhia
Como a fonte infinda de uma constrição,
falta-me a vida ou outra imensidão
que junto aos meus cadáveres logo carbonize
todo o pretérito arfar dos meus sonhos
cujas línguas salivam corpos enfadonhos
dos meus outros seres vis e infelizes.
Oh! Que côncavo sombrio é este peito crasso
de fuligens mortas que no suspiro amasso
inevitavelmente ao meu instinto apático,
talvez fosse vasto outro perdão sublime
outra cadência gasta ou diversão que anime
e em cinética transmute este gelado ártico!
Que movimentos ásperos e ilusórios
movem Máquinas com dons contraditórios
de todas as influências de um medo titânico ?
É a face residual dos lodos pútridos
carpidos de falêncas múltiplas a fazer súditos
dos horrores colossais de um interno pânico!
Outros passos junto ao corpo imanto
com a conjuntura magnética do pranto
entre mármores cavados por crepúsculos,
vai assim a vida em desolado prisma
noutras línguas, livros velhos, nasce a cisma
do atemporal mentar enclausurado aos músculos
Dias junto ao sepulcral inferno intruso
volve a mente um ermo som inerte e uso
de Gárgulas personificadas pelo Eu poeta:
Visões horrendas de muitas vãs esferas
iludindo as massas e despertando as feras
na abóbada celestial de criação secreta
Encerro rios explícitos em olhos densos!
Formas mortas, sóis narcisos e clarões intensos
espaçados nos tormentos dos homens mutantes.
Outros túmulos suspiro nas luas antigas
a rotacionar tumultos de Fúrias inimigas
esculpidas vivas nos fósseis de amantes!
E numa dantesca praga de turvos insetos,
busco o fascinante início de qualquer trajeto
que me limpe a vista ou me lave a antítese.
Certo! Vejo um turbilhão de cinzas criaturas,
a caminhar na terra e praguejar a altura
da face da morte ou qualquer outra síntese.