A IMORTALIDADE DO TEMPO
O segundo solto no tempo
Esse autômato autônomo
Espectro a vagar pelos dias
Espectador de nossos destinos
Versátil ermo dos instantes intimistas
Onde o silêncio atroz a todos amordaça
À margem da catarse do incomensurável
Na jornada desses passos fragmentados
Tornam-se nômades todas as circunstâncias
Não se importando com as mensuras de nossa solidão
Segue a saga das horas que nos prende aos idos anos
No idílico intento de interpor-se entre nossas gerações
Tornando inócua nossa tentativa de nos mantermos jovens
Pois a voracidade do tempo é algo que não se pode transpor
E os outonos são as marcas indeléveis de sua impetuosidade
Compactadas na densidade de tudo o que trazemos na memória
Valsando na concatenação de nossos rotineiros encantos e desencantos
Torna-se ominoso carrasco da felicidade por ele mesmo encadeada
Ao mesmo tempo instando á mesma a sempre renovar-se plenamente
Abstraído que vive em tua intransponível e absoluta imortalidade