GARGALHADAS

Quando eu nascí, com certeza,

o mundo não perdeu eixo...

Não abafei, por nobreza,

nulidade, não enfeixo...

Nada mudou com meu berro,

com minha cara de espanto,

que até hoje, em vil desterro

tento desfazer quebranto...

Gosto deste amargo fel,

tentei adoçar, em vão...

Nem tudo é sarapatel...

Danço neste mundo cão...

Lambo o chão e lambo o céu...

Gosto me parece o mesmo...

Visto-me a meio véu...

Sigo ao rumo do ensimesmo...

Rego as flores do meu chão...

Mesmo inútil, rezo o credo,

que alivie o coração,

mostre o bom por arremedo...

Licença que me concedo,

já que tudo esvai perdido,

é gargalhar desde cedo...

Meu humor é desmedido!

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 14/04/2014
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