O menor poema do mundo
O menor poema do mundo
não é o “Lines on the Antiquity of Microbes”
de autoria desconhecida,
nem um hai kai de Matsuo Bashô
ou o “Me We”
de Muhammad Ali.
Tampouco o
“El poema más corto del mundo: tú”,
de autoria ignorada,
ou “Amor.
Humor.”
de Oswald de Andrade.
O menor poema do mundo
não é o nanopoema ‘Infinitozinho’
do Arnaldo Antunes
e não pode ser escrito
por um microscópio.
Só por um telescópio.
E é tão
Microscopicotiquito,
o menor poema do mundo,
que nem mesmo
as potentes lentes do Hubble
podem vê-lo.
Somos tão pequenininhos,
Infinitas vezes menores que
o menor poema do mundo,
que não há
escala em anos luz
que possa comparar-nos,
nem em bilionésimas
vezes de um metro
dividido em nano.
Poderá ser
um minúsculo poema
como Hitler
ou um pífio poema
como tantos outros
déspotas!
O menor poema do mundo
não cabe num copo
de cafezinho descartável;
o vazio de um copo
dessa dimensão
é imenso!
Fazemos parte
do menor
poema do mundo:
numa estrofe,
em algum verso seu,
numa palavra,
em suas sílabas poéticas,
numa letrinha sem importância,
em seu rítmo,
ou na mais sonora das rimas!
Incumensurável!
I n a l c a n ç á v e l!
E somos tão pequetititos
que nunca teremos tempo
de chegarmos até ele.
Nunca teremos tempo.
Teremos tempo?
Tem pó
no tempo.
Nunca teremos
tempo...
O menor poema do mundo
é uma galáxia
hiper distante de nós,
sugada por
um buraco negro
há bilhões de anos luz daqui.
E é tão imenso,
o menor poema do mundo,
que some;
tão imenso que cabe
no vazio
do homem.