AURAS

AURAS

Carmo Vasconcelos

No imponderável nada da asa caída,

a aura do voo castrado.

Essa diáfana e mística aura,

em tudo permanecente;

até no vazio duma flor decepada,

na lacuna dum membro amputado.

Similarmente, e à revelia da vontade,

essa luminescência etérea,

emana, ainda, do sonho golpeado.

Ela bordeja, sutil, mas latente,

o vácuo inesperado

da ilusão que se extinguiu.

Incómoda vidência do oculto,

quando essa radiância esmaecida

cresce em vulto e cor,

na reavivada percepção da coisa nula!

Perene emanação do idílio que se foi

e não era pra ter ido…

Apartado, destruído!

***

Lisboa/Portugal

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 12/04/2014
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