AURAS
AURAS
Carmo Vasconcelos
No imponderável nada da asa caída,
a aura do voo castrado.
Essa diáfana e mística aura,
em tudo permanecente;
até no vazio duma flor decepada,
na lacuna dum membro amputado.
Similarmente, e à revelia da vontade,
essa luminescência etérea,
emana, ainda, do sonho golpeado.
Ela bordeja, sutil, mas latente,
o vácuo inesperado
da ilusão que se extinguiu.
Incómoda vidência do oculto,
quando essa radiância esmaecida
cresce em vulto e cor,
na reavivada percepção da coisa nula!
Perene emanação do idílio que se foi
e não era pra ter ido…
Apartado, destruído!
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Lisboa/Portugal
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