RENÚNCIA
E ficastes coração vazio
Na fuga que a covardia tece
Olhando o curso do rio
Passando os dias em prece
Olhando o fenecer dos dias
Órbitas de astros inexatos
Chorando nas noites frias
Justificando atos e fatos
Fé que ora fraqueja ora fortalece
Sonhos que ficam pelos caminhos
Alma que sozinha padece
Coração cravejado de espinhos
E assim resignada tange as horas
Como vaticinada pelo destino
O amor que tanto sonhastes ignoras
Carregas tua cruz como o Jesus menino
Um novo tempo principia
Por sobre seixos rolam as águas
"consummatum est" o lábio cicia
Olhos sombrios esfinge de mágoas.