Homem timer
Nascituro temporário
contemporâneo, visionário
Nasce pra morrer
com gosto de adeus na boca
Cresce forte como relógio
Que marca passo a passo
No descompasso do rio que a vida levou
Mais um dia, todo dia
tenta das nuvens escolhidas
Congelar a forma que o cativou
Como se a fantasia despida fora dissolvida
com a morte do sonho que sonhou
A corda estipulada
dá prazos à efêmera alegria
Acorda toda manhã
vã tentativa
em subornar felicidade vitalícia
É perícia arguta toda labuta
Que tanto ao homem infama
Tão logo diz a si mesmo
Ser o que ama
Vai, retém a escapada do tempo
Como reténs o ar a ti não pertencente
Não olhes retratos cegos
Segue, disfarça-te de ti mesmo
Antes que te percebas carente
Luz reluzente,
última empreitada