DO FIM AO COMEÇO. DO COMEÇO AO FIM

No começo ou no fim, é sempre difícil prosseguir.

Seja dar o primeiro passou ou a porta fechar.

Ninguém jamais no mesmo rio se banhará.

Tapando os ouvidos ou resguardando a alma o

dilema sempre vai reascender, sempre irá nos

chamar de volta para a segurança do que ficou,

ou da saudade que do restou.

Começando pelo fim ou terminando pelo começo,

a coexistência de ambos nos leva ao desaguar de

lágrimas, pensamentos e emoções ainda guardadas,

trancafiadas, do que um dia já foi, do que um dia

poderá ser.

Memórias, déjà vu, ambas são eternos fleches do

tempo do que eternizou-se, do que inevitavelmente

tornou-se atemporal, profundamente existencial,

guardado no instrospecto dos introspectivos que

vagam no medo do começo ou na sombra do final...

Na vida ou na morte, no último suspiro de razão,

ou de emoção, é preciso enxergar por entre o

nebuloso e o clarão, é preciso fechar e abrir o

passo, caminhar fora do compasso do linear

espaço, projetando-se até para outras

dimensões, mas sempre curvando-se,

para o elo de luz que reflete céu e chão,

matéria e emoção.

É preciso caminhar, dar o pioneiro passo...

É preciso coragem para retornar ao ponto de

partida, fechar a porta e as feridas do coração.

Não se pode eternamente viver paixões, ilusões

de outrora, regresso de pensamentos pretéritos

que nunca o futuro deixarão.

Feche a porta, refaça ligações, elos perdidos;

junte as migalhas do teu coração e permita-se

permitir, permita prosseguir rumo a uma nova

criação...

Feche a Porta... Respire e...

"O passado é mentira. Metade é feita de coisas

não passadas. A outra metade é feita de coisas

que nunca mais passarão." - Mia Couto.

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 26/03/2014
Reeditado em 27/03/2014
Código do texto: T4743981
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