A cidade
A cidade prepara-se
para adormecer.
No para-brisa
de um carro apressado,
restos de chuva correm
fazendo reflexos,
deformando pessoas em movimento
e as que estão esperando
em seus pontos de ônibus.
O tempo ainda espera.
O tempo perverso ainda mostra
a angústia e a felicidade
no espaço de mil destinos.
O tempo brinca e briga.
O tempo reage herético,
desbotando ilusões infinitas.
E a noite se perpetua,
cessando os sonhos na vertical,
dormindo o real na horizontal.
E o carro corre...
entre prédios e mais prédios.
A cidade dorme.
O impessoal se glorifica.