O SOVINA
 
Fugindo ao lodo, a lama cadavérica
Vendo assim despido dos haveres
Sem ter quem lhe atenda os quereres
Inda doente das criações feéricas..
 
II
Desperta na campa o sovina
Todo jungido à matéria podre
Puxa os cabelos e o lábio morde
Em meio a esqueletos e fedentina.
 
III
Que é do meu ouro? Onde esta meu cobre?
Como resposta uma gargalhada
De algo que se move no fim da estrada
De riso irônico e de olhar esnobe.
 
IV
Um frio intenso, um gélido pavor
Os vibriões na pele, o lar imundo
Parece ate que vive em outro  mundo
De miasmas, defuntos , de fedor.
 
V
Éden de cicatrizes e de viroses
Céu de perdidos e adoentados
Casa de esmoleres e dementados
Jardim de chagas e de verminoses.
 
VI
Assim analisando o pirangueiro
Não pode entender o que se deu
Não sabe e nem julga que morreu
Procura sem cessar por seu dinheiro.
 
VII
Por que tal sede e tão terrível fome?
Por que não sabe, por que não adivinha?
Comeria todo o resto de cozinha
Devoraria o que agora lhe consome.
 
VIII
Os sec’los passam degustando o tempo
E o sovina ali, vestido em restos
Entre o gritar e o chorar funestos
Pensando em ouro para seu tormento.
 
IX
Não ouve versos nem prece lhe interessa
Formas medonhas, que antes foram humanas
Formam o séquito  torpe que lhe acompanha
No ledo engano e numa busca dessa.
 
X
Porem um dia, por força divina
Será chamado a reencarnação
E constrangido à franca evolução
Em berço misérrimo o então sovina.
 
Autor_ Augusto dos Anjos.
Canalizador_Nicodemus Silva.
10/02//14
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
A Lira dos Imortais e Augusto dos Anjos
Enviado por A Lira dos Imortais em 22/02/2014
Reeditado em 22/02/2014
Código do texto: T4701396
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