In Natura

Mangas vermelhas,

Tingem a telha... E o chão do quintal.

Pelo zumbido da abelha,

Deus cochicha em minha orelha... De modo natural...

Sem uma palavra sequer.

Sim, o sinto no vento,

Vejo o seu movimento,

Nas nuvens e na maré.

Ele fala através de tudo a todo o momento.

Sem rituais ou sacrifícios,

Perceber não é difícil,

Fique atento.

Não me atrelo a circunstâncias,

Sinto sua fragrância... Em qualquer flor.

Sou abraçado no mar,

No pomar... Provo desse doce sabor.

Multicolor, multiforme,

Enorme... Mas cabe na palma da mão.

Esbraveja na brisa suave,

Sussurra no tom grave... Do trovão.

Está na ponta dos pincéis,

Dos dedos e dos pés... Duma bailarina.

Nas pautas da minha caderneta,

Na ponta da minha língua e caneta... Nessas pobres rimas.