Banho de Chuva
[Naddo Ferreira]
A chuva forte caía, eu a imaginei como um pranto divino
A permiti molhar-me, me reconheci pecador, um menino.
Voltei à infância, a doces lembranças,
Como criança, pulo nas poças, corro, rodopio,
Emocionado nem sinto o vento frio, para mim mesmo sorrio.
Estou num banho de chuva, encharcado até a alma,
Sorvo os pingos que escorrem nos lábios,
Esqueço-me das lembranças com gosto amargo,
Dou um sorriso largo para as crianças que me acompanham.
De repente, estou numa ciranda de rodas com elas,
Num bailar inocente sob os pingos que caem do céu
Meus olhos lacrimejam, minhas lágrimas se misturam
Com a água cristalina que ao tocar o chão se turva
Mas não desencanta, não ofusca a magia,
A alegria, de um delicioso banho de chuva.
[Átomo]
A céu... Aberto,
Sem chapéu... Ou teto.
Não vou fugir,
Vou fingir...
Que nem é comigo.
Na minha cara uma nuvem cospe,
Hei de deixar que ela me ensope...
Não buscarei abrigo.
Sou feito de açúcar,
Mas a água não machuca...
Minha pele.
O seco coadjuva,
Enquanto canto na chuva...
Ala Gene Kelly.
Cruzo o deserto com extrema calma,
Enquanto lava ela minha alma...
De tudo aquilo que descri.
Chuva! Não és mais indistinta,
Mas um modo de Deus permitir que eu o sinta... De dizer: Eis me aqui!