Das coisas eternas
Canto meus passos,
sob arcadas de flores.
Canto também os espinhos.
Sou um ser em viagem
entre o riso e a dor.
Protesto a dor com meus lírios,
meu anseio de trigo,
meu hábito incolor...
Recebo a alegria
com a aurora
do meu ser em esperança
e palavra que enlace
minha cidadela de amor.
Quando me sinto em des-proteção
na noite dos grandes ventos,
minha alma é meu lume,
meu cajado no silêncio...
Percebo,
amo e me encerro
na música das minhas
e das tuas mãos.
Sou outono também,
e quando vier, inexorável, o inverno,
e formos um para o outro
pungente e onírica visão,
que em nós permaneça
esse aroma eterno,
incensando esses versos que nascem
do templo do coração.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)