Paradoxos Abismos

Quando da perfeição se realiza, nada mais pode faltar ao poeta que uma mente aberta e livre. Nada pode calar o poeta; nem as dores que deveras sente nem as que por tristeza mente, pois delas compomos nossa estória, a ele nos renderemos sempre.

Que não se emudeça jamais o poeta, nem sangre seus olhos, a alma se perderia nos abismos nos abismos assombrosos de seus sonhos.

Que lhe arranquem a vida, lodaçal de devaneios tolos e insanos, e impuros pensamentos vis, jamais deixe que se cale à voz tosca e rude, humana, com a qual embalas nossos sonhos e alenta nossas almas.

Que sejam banidos os seus versos deste mundo e levados aos abismos mais horrendos, que profane o silencio mais absurdo de sua própria solidão e sua atormentada alma se perca, vague em vão à procura de seus sonhos que um dia sonhou os ter. Que se rompam os abismos mudos que seu canto louco e insano nos feriu os ouvidos, seu desejo ardente e procura insana da felicidade plena.

Perca-se o poeta e sua poesia se espalhe aos quatro cantos do mundo, e finde assim sua procura desesperada; seu silêncio seja nosso acalanto, nosso canto funeral.

JAlmeida
Enviado por JAlmeida em 10/02/2014
Código do texto: T4685029
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