~~~~~~ As trevas ~~~~~~

(Inspirado na poesia: As trevas, de Lord Byron/Castro Alves)

O Sol ficara negro ao mergulhar no mar;

E a Terra balouçava embalde, no Universo,

Nu’a imensa escuridão, nu’a ida e sem regresso,

Co’ a Lua, submersa — além desse além-mar!...

No meio do oceano, as vagas procelosas

Vagavam e borbulhavam escuras escumas cálidas;

Quais brumas que encobriam outras montanhas pálidas,

E as trevas, no deserto, um tanto nebulosas.

Enquanto no Universo os astros vagueavam

Sem luz, sem cor, sem som, nu’a escuridão sombria;

Fazia um frio intenso a esmiuçar as crias

De todos os demais humanos que choravam.

E nesse imenso frio, a terra congelava,

Trazendo amarga dor mui gélida e escabrosa;

Sentiam u’a dor cruel — deveras pavorosa,

Na escura noite fria, e intermitentes lavas!

Tudo era treva — o mar, o rio, o lago e o ar...

Soprava um vento forte e frio, tão disperso,

Repleto de tufões, que vinham do perverso,

Jorrando enxofre ardente — envenenando o mar.

O vento no Universo era d’um só gemido...

Soava um eco imenso em todas as entranhas,

Co’ o cavaleiro negro, em volta das montanhas,

E toda u’a legião... co’ o anjo destemido!

Enquanto nas montanhas os homens se aqueciam,

À beira dos vulcões — sem mais ardor; porém,

Já não havia lenha o suficiente em

Lugar algum, na terra —, e em lavas se esvaíam!

Em volta dessas sombras, os astros colidiam

Co’ a Terra, Júpiter, Marte..., e todos os planetas

Sem rota vagueavam ao toque das trombetas,

Acima dos tufões, co’as lágrimas que desciam.

Dentro da noite escura e interminantemente,

Clamavam a voz de Deus os seres pavorosos;

Tal qual os animais, nos ermos langorosos...

Famintos, exigiam o pão do Onipotente!

Os reis abandonaram os homens, na geleira...

Atrás d’outro luzeiro, a fim de se aquecerem,

Vagando pelo espaço, em busca d’uma aragem,

Que, ao longe, era u’a miragem, u’a estrela derradeira...

E a nave navegava em mórbida extremidade,

Co’os poderosos maus, bem mais que tenebrosos...

Os homens se sentiam um tanto temerosos,

E todos já previam — o fim da Humanidade!

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 26/12/2013
Reeditado em 06/10/2023
Código do texto: T4626115
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