Há em mim o maremoto de um mar morto

Há em mim o maremoto de um mar morto

E essas longas ondas que enfrentam a areia

Também afastam os barcos do meu porto.

Não há em mim maré que não é cheia.

Haverá em mim um veio de água doce

Ou a água terá, como as lágrimas, o gosto

Salgado que preenche as rugas do meu rosto?

O que de novo o mar, ao acaso, me trouxe?

Seriam as notícias de uma longínqua terra

Onde os soldados cessaram suas guerras

E foram trocar presentes nas trincheiras?

Ou seria a descoberta de um peixe

Que tem asas no lugar das nadadeiras?

Meu mar existe mesmo que eu me deixe.

Leonardo Stockler
Enviado por Leonardo Stockler em 14/12/2013
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