Há em mim o maremoto de um mar morto
Há em mim o maremoto de um mar morto
E essas longas ondas que enfrentam a areia
Também afastam os barcos do meu porto.
Não há em mim maré que não é cheia.
Haverá em mim um veio de água doce
Ou a água terá, como as lágrimas, o gosto
Salgado que preenche as rugas do meu rosto?
O que de novo o mar, ao acaso, me trouxe?
Seriam as notícias de uma longínqua terra
Onde os soldados cessaram suas guerras
E foram trocar presentes nas trincheiras?
Ou seria a descoberta de um peixe
Que tem asas no lugar das nadadeiras?
Meu mar existe mesmo que eu me deixe.