Do Café com a Morte
Na velha casa, agora, muito vazia
dois fantasmas bebem um café frio...
a tristeza passa e diz "bom dia"...
o casal finge que não ouviu.
A morte não tirou o que não havia
e não pôs, onde estava vazio
sabe que o que não coube, não caberia
que só existe o que já existiu.
O casal que não viveu a alegria
que não soube quando a vida sorriu
não sabe que a bebida está fria
que a mesa do café já se partiu.
Sinto uma estranha agonia
passando pelo peito feito um rio
e tudo o que é vivo se arrepia
com ela que é o próprio arrepio.
A morte : que ouvi dizer que não morria
e que vive me fazendo "psiu"
enquanto Seu João e Dona Maria
bebem o café que ela não serviu.
21-11-2013