Sem título
Saudade que não esmaga mais
O coração saltitante e itinerante
No trexo
Na vida
Tudo acontece e vai se desdobrando
Desenroladamente
Com a certeza incerta
Que pulsa nas veias
Como túneis escuros
De sangue espesso, grosso e coagulado
Do abismo de dentro
De meu útero para a terra.
Óvulo não fecundado alimenta o chão
Conexão de abismo para abismo
Ao sentir a trama do universo
Bem embaixo dos meus pés.
Assim, todo medo se vai,
Desce tudo e se integra
Com a existência transcendente
Do modelo conhecido
Da condição mundana repetitiva e vã...
Fertilizo poesia da loucura extrema que vivo dentro de mim.
Peitos, braços, coxas, quadris desejam
O sexo espontâneo e selvagem
Feito com a terra.
Esta que não tenho
E sim que sou
Que vivo
E gozo loucamente a existência.