Pleno e vazio

Sou ampulheta virada para baixo

Vazia

O tempo bate do lado de fora

Aos gritos diz-me que falta areia

Que preencha-me de tempo

E eu não ouço o tempo bater

Sem perder sua natureza

Insiste para que lhe deixe entrar no vazio

Tornar-me um rio de nada a desaguar-me

E eu não sinto meus pés molhados

Viro-me

E só virar-me é o que sei fazer

E o tempo pára para me deter

Sou giro sem ponta, sou motivo movimento

O tempo não desiste

Não tem tempo a perder

Adentra com areia e passo a entender

É vida o que gira e areia é nada a viver

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 27/08/2005
Reeditado em 05/01/2006
Código do texto: T45626