Albina Franzina
Vi uma história cega e estranha.
Estava correndo por detrás da casa;
Era albina, menina, mufina, franzina
E se escondia atrás do sol;
Olhos brancos, cara de segredo,
Mas era contada à força.
Sem forma, solitária e vazia,
Se parecia com nada.
Os homens fugiam dela
Como o diabo da cruz; não faziam jus.
Ela os perseguia, noite e dia;
Eles fechavam os olhos e a viam,
Tapavam a cara descaradamente,
Se voltavam, corriam,
Ela lhes mordiam os calcanhares;
Então eles ficavam de frente.
Bufavam, rangiam os dentes...
Seus espíritos sangravam veementemente;
Até se pareciam com gente.
A história era monstrusosa,
Tinha patas de quimera maldita;
Porém, deixava rastros de fada do dente.
Musa sanguinolenta
Que beija a boca dos sábios
E, a cabeça dos tolos, arrebenta.
Ninguém queria contá-la.
Desfigurados, desfalescidos,
Abandonados à própria sorte,
Pela hora da morte,
Eram obrigados a encará-la.
A famigerada, inconsequente e necessária.
Verdade da gente.
C. M.