Meu nome
Eu sou o homem
Cantando sozinho na noite,
Sou a voz de quem clama no deserto,
Sou o deserto e o vento e a duna a desfazer-se.
Eu sou uma pergunta
Que não se fez,
Sou a indagação muda
Que não espera resposta.
Eu sou a resposta da pergunta não formulada,
A resposta indizível,
Inaudível,
Inútil,
Indispensável.
Eu sou as palavras que não foram caladas,
Eu sou as canções de cantáveis,
Eu sou estrelas mudas,
Sou riachos e mares,
Sou o sussurro de amor,
Sou os gritos de saudade,
Sou encontro e ausência,
Sou um coro de anjos,
Sou uma orquestra de pássaros,
Sou o corpo dançante,
Sou a alma brincante,
Sou o saber do profeta,
Sou o sonhar do filósofo.
Sou pedra e caminho,
Sou mundo e moinho,
Sou átomo,
Sou cosmo,
Macro e micro,
Tudo, todo e nada.
Eu sou você e sou outro.
Anjo,
Musa,
Duende,
Divino e satânico,
Olímpico, asgardiano,
Egípcio, xamânico e yorubana.
Sou alento,
Consolo,
Desconforto confortável,
Faço pensar e sentir,
Sentido vivenciado no sem sentido.
Eu acalanto os seres
Para despertá-los.
Estou em todos os lugares,
Momentos e movimentos.
Invisível e palpável,
Tenho a diafaneidade concreta
De simplesmente ser.
Os tolos me abandonam,
Mas me necessitam;
Os sábios me buscam
Sem que me compreendam
(e é por isso que me buscam).
Eu sirvo a quem me serve
E já vi todas as eras,
Falo em todas as línguas
Sem me limitar em nenhuma.
Sou a novidade eternamente renovada.
Eu sou a Poesia...
(2º Lugar no 2º Festival de Poesia de Conservatória - 2013)