Dois de Janeiro
O vento corre arruaceiro.
Eu, como naquele dois de janeiro,
choro e sangro as minhas dores
nessa aquarela sem vida e sem cores.
Tento, ainda que em vão
entender as Evas.
Vejo apenas Hidras, dor e treva.
Nos complexos elétrons da razão,
A mulher é um cátion que enleva,
e nas reações desse sensível ião,
todo o tino se esfarela.
Ouço, ao longe, a marcha de Napoleão
encurralado estou, ao norte da Germânia
pela figura autoritária e sensitiva por vocação.
Em trajes azuis segue a marcha pela Albânia,
operando da artilharia às artimanhas do coração.
Esparramo as folhas, as penas e as tintas
encabrestado pela mulher Napoleônica
e autoritária, que com o cetim das fitas,
enlaça o homem Atlas, vítima crônica.