Viagem
Estava assim o céu belo:
demasiadamente estrelado.
O resto tudo era breu.
Com medo, permaneci calado.
O escuro me apavora,
ora ou outra devo permanecer.
Vendo de mim tudo indo embora,
perdia no tempo da fuga
meu medo, meu amor...
Perdia-me no meu esquecer.
Adormecemos.
Distante vi alguém
com cabelos longos esvoaçantes,
pensei: "essa garota sou eu!".
Mas ao abrir bem os olhos,
meu coração quis, suplicante,
ver tudo aquilo que aos meus olhos se perdeu.
Era apenas uma flor desabrochada
no desenho do colchão pela manhã,
pela vista me senti enganada
de não estar lá dentro, parada,
vivendo em um profundo sono
desenhado, instalado,
em algum velho e amarelado colchão.
Suspirei... Não sei se aliviada...
Tudo aquilo não se passava de um sonho,
de uma mera ilusão.
Eu era a flor desabrochada
na viagem daquele velho colchão.