VERSOS ÉBRIOS
Olhos lânguidos de infrenes e cálidas esperanças
Rebentam na taça em que bebo os aniquilamentos
Efêmeros do vácuo que são esses meus sentimentos,
Dos vácuos quebrados que são minhas lembranças.
Irmãos afastados, filhos depressivos, pais decepcionados;
Bebo doses de fé, e sinto a garganta me queimando por dentro;
Não quero mais pensar e nada ver: o medo é o nosso centro
Neste corpo _ hospedaria de vermes e de narcisistas viciados.
Os edifícios, os postes, os semblantes de tudo estão distorcidos,
Nossos sonhos são inversões ornamentadas por torpes afigurações.
O coração guerreia contra si mesmo, mas sempre acaba vencido
Por suas trêmulas realidades epiléticas e esculpidas por reais ilusões,
Os passos ébrios e entediados de caminhar por rostos e becos fingidos,
A vida é uma garrafa quebrada onde idealizamos nossas vis pretensões.