ESPECTROS TURVOS
Ilhado em meio a imensidões de vultos lívidos,
o cansaço se apodera de meu silêncio soturno
desvanecendo-o em reflexões turvas
e em palavras pródigas, a se amarfanharem
às melodias dos soberbos espíritos andejos,
que ousam se cristalizar como impermistos
entre tumbas floridas em caminhos incertos.
Incautos, regozijam glórias infaustas,
alheios por hibridades próprias,
de que toda conjectura e pensamento
advindos de seus cernes, são uma condenação
a originalidades ultra-humanas.
Nas inaugurações formadas à luz das
abnormidades constituídas no grande palco,
transpiro, regateando entre os laboriosos,
meus intrínsecos despojos,
e sussurrando-lhes lendas a satisfazerem
seus desejos espurcos e suas esperanças tênues.
Como efígie viva a lhes refletir,
regozijo-me em seus egos mais entoados,
deleito-me em suas quimeras mais inexeqüíveis,
embriago-me em seus amores mais esconjurados.
entrego-me em seus desejos mais libertinos,
segredo-me em seus esconderijos mais protegidos.
devaneio-me em suas esperanças mais tênues,
angustio-me em seus medos mais tétricos,
até que, da contrafeita energia que nos há,
o apagamento nos venha resgatar à paz insentida.
Péricles Alves de Oliveira