Nada do que foi será...



Aquele buraco negro simulado de passado,
Está gravado, mas não pode ser clonado.
Levou-me o instante pulsar.
Arrancou de mim a inspiração.

Sugou-me o poema que não li.
Cegou-me a beleza que não vivi
Todas as coisas que não vi...
Empobreceu o que não percebi.

Sugou-me o que fiz e o que não fiz.
Negou-me o ato e o desato do fato,
Sugou-me também as oportunidades.
Despiu-me sem fazer nenhum contato.

Sugou-me as emoções, sentidas e não sentidas.
Despertou-me o senso da mobilidade inerte.
Sugou-me até o precioso instante sinfônico
Na fragrância de um Oboé de Mozart.

Sugou-me o amor, e em vão, na aflição tentei prega-lo na parede.
Desprendeu-se de quaisquer apegos deixando-me desprovido
Sugou-me a magia de todos os sorrisos e afetos,
Deixando-me com a boca inerte, estancada e presa.

Em contraponto, sugou-me também todos os seus contrários.
Não permitindo a valiosa confrontação dos contraditórios.

Lá onde tudo mergulhou na obscuridade
Ficou o vazio sem o conteúdo da alma
E definitivamente calou-se.
Silente e sem reavivar a memória.

Restando-me apenas pedaços de antiguidades,
Fotografados na retina, na lembrança.
Que trago agora rebobinado em versos
Na mais inocente e remota esperança.

Lufague & Hilde.
Navegando Amor e Lufague
Enviado por Navegando Amor em 28/08/2013
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