LOUVAÇÃO
*Nadir Silveira Dias
Saúdo os não lembrados,
os desviados,
os que afastam de si
todos os demais irmãos.
Saúdo os mortos à bala,
faca, foice ou facão,
de curva, na estrada bem
ou mal construída,
bem ou mal conservada,
por ação própria ou hora
certa no relógio motriz final!
Saúdo os vivos-mortos, que nada
têm além de sua morte viva,
no segmento vegetativo a que
estão sujeitos por causas
antecedentes ou a que
deram causa, aqui e agora!
Saúdo cada esforço individual,
cada passo, cada palha,
que cada irmão tenha envidado
em favor de seu vizinho, de sua
rua, de seu bairro, sua cidade,
seu Estado, seu País,
de sua própria ou de alheia vida!
Saúdo o século findo,
o milênio que se foi,
na estreita medição
que fazemos nós,
pobres humanos somos!
Saúdo o homem – espécie,
centelha divina do Criador, no
concerto universal dos tempos,
hoje e sempre, saúdo Você!