O trem da sina
Quando essas coisas terminarem
Chacoalha-me de leve;
Eu sei que despertarei do sono
Acordado de viver.
Num suspiro aliviado...
Não quero beijo de princesa,
Não serei anfíbio anuro
Tampouco um belo adormecido.
Estarei de um outro jeito;
Porém, sempre o mesmo,
Estranhamente novo.
Tocarei nas barbas do velho tempo,
Sentirei bons ventos do hálito da alva,
Sei que verei o cetim azul
Estendido e repleto de novas estrelas.
Não haverá limites para o olhar;
Como um pergaminho desenrolar-e-há
Toda a história, nua e crua
Estarei herói num longa sem fim,
Na hora sagrada da estrela,
Em meio a todas as outras criaturas.
Um sorriso perene e verde-cana
Rolará feito lágrimas de alegria;
A Pacha Mama derramará o seu leite
E não haverá quem não queira;
Até os que a agrediram clamarão
Por uma porção do seu calor.
Então grande mãe se levantará
E um transbordar de amor infinito
Escorrerá dos seus lábios;
E com um abraço de amor
Receberá o filho no seu ventre.
Quantos chorarão? E por que?