HOMENS E GALOS DE BRIGA
Na rinha os galos olham, cabisbaixos, de olhar triste como a pedirem réquiem para si.
Homens desarvorados, correm atrás de cifras; esfomeados, olham para os galos de pescoços pelados mas não entendem o pedido de clemência.
Tenho pena dos galos, depenados e de pescoços pelados; dos homens esfomeados, tenho pena de mim nessa atitude solitária.
Peço indulgência para os galos de pescoços pelados com meus versos indigentes, demodês, desbotados, desvestidos de ambição monetária.
Serei somente eu a enxergar tamanhas nuances nessa rinha de galos de pescoços pelados e homens desvairados?
Mas os homens continuam se divertindo, apostando os destinos dos seus galos de briga.
Réquiem para meus versos, para os galos de pescoços pelados, para os homens esfomeados.
Réquiem também para mim.