Dureza de poesia
Dura é a poesia quando sai do lodo
Quando cria pernas e anda por si,
Do,ré, mi e outras notas.
Do afogo na areia movediça,
Salta por sobre os sonhos
Em luta aberta e sem tréguas.
É hora de crescer e ser grande;
Momento de sonhar e ser simples.
Cavar fundo nas almas incautas,
Os amores e as suas dolores.
Dos crimes de guerra ao ósculo
Que, desde que ficou santo
Não trai ao ar livre entregando
Os filhos dos deuses.
Cava poesia! Crava à luz do dia!
Crava a sua espada nua,
Seu trágico e gélido punhal
No coração que já sofre
O assédio de quimera!
Sorva do absinto verdejante
Dos prados que deliram!
A essência do soma que doma
Os aflitos e os seus mitos.
Dureza de poesia é maciês e carinho;
É dormir em fronha de sonhos
É absorver a luz do sacro alimento
Dos manjares e dos elementos.