Retratos de nossa existência
Nas tardes vazias somente o sol e a chuva,
Lá fora além do retângulo da janela.
São caladas testemunhas estas sutis palavras,
Que se oportunas, são como luva.
Nesta exposição sem meias delongas.
O vazio nos consome lentamente,
Sem a mínima pressa possível,
E dilacera sem dó e nem piedade,
O sentimento que se tem.
O vem e vai das pessoas,
A rotina diária que se segue a cada segundo,
Como se ignorassem na totalidade,
Os sentimentos individuais aprisionados.
Somos embrutecidos pelo hábito,
Sorvidos numa atmosfera inumana,
De pensamentos cerceados pelo ego,
Que inflige dolorosas e ignoradas sensações.
É difícil ser sentimental neste mundo,
Saber ouvir e ter paciência,
Exercer a calma e a clemência.
Colocar-se no lugar do próximo, a empatia,
Compreender, aceitar,
Ser húmil.
Tirar instantes do precioso tempo,
Para simplesmente observar os pássaros,
A planura dos seus voos nos céus.
Sentir o frescor da manhã.
Degustar a doçura das maçãs.
E se regozijar com os detalhes ínfimos,
Que este mundo propõe,
E que no fundo fazem toda a diferença.