Esperança
Quem fuma sabe
porquê, sabe o futuro
que se conhece. O riso
da fumaça branca não trai
a qualidade da iguaria,
leitosa tensoativa os traques
das massas a fonte do arrebol.
Cresce o cosmogônico, - lógico!,
injeta meus olhos
de sua água santa
lava a alma o espírito.
Lava a pele da rocha
lava as entranhas purulentas
lava o toco pegando fogo
lava a montanha de prata
lava o nariz imundo
lava olhos remelentos
lava o cachimbo na luz.
Lava é a baba escorrendo
do que pode vir a ser
o que você você quer
e o que alguém não quer.
Juntos!
Dinheiro é mato, mora
oceano de urticária visceral
o que ganha o craque
em termos de concentração.
Esse dinheiro é para o dopes.
Um poeta precisa
de 5 maços do mais rico
fumo da flor mais leitosa
para escrever um hai-kai.
O fogo remi o bimbo
e a força do comparsa
te empurra pra si mesmo.
Sem parece mais rápido
menos perto e contemplativo
e sentes de escrever mais.
Delícia poetar
carente ou chapado -,
nossa!, que prazer
a brenha ardente do infinito
o pingo de fogo eterno.
Terra do Nunca, 28 de abril de 2013.