Nômades
Tantos percorrem a vida
Sem conhecer uma rua.
Tantos felizes pela matéria
Que reveste a alma nua.
Tantos desesperados
Sem saber o que fazer
Com o afeto armazenado.
Tantos entristecidos
De viver a cada dia
Relações superficiais
Felicidade aparente.
Tantos com falsos sorrisos
Sufocando a amargura
De não ter o que fazer
Com a infinita ternura.
Tantos abraçam o vago
Beijam o espaço etéreo
Constroem castelos na areia
Vagueiam quais nômades,
Sofridos,
No deserto solitário.
Tantos com tanto pranto
Que não conhecem o canto
Que o amor vem entoar.
Tantos ensurdecidos,
Sem nada ter conhecido,
Apenas tendo vivido,
Relações superficiais.
Tantos percorrem o mundo,
Consomem as suas vidas.
Sem conhecer uma rua!
Ana Stoppa