PRECE FINAL
PRECE FINAL
Quando a Morte, serpente traiçoeira,
me inocular veneno assaz malino,
aceitarei sereno o meu destino
por tê-la esperado a vida inteira.
Ingrato arbusto em selva sobranceira
-- a reclamar do fado, tronco fino --
frutos não dei nem sombra ao peregrino
e o lenho meu não queima na fogueira.
Sei, Senhor, que homem fui de mil pecados !
Aos olhos teus mereço só castigos
e partir desta em nau de condenados.
Eu, que vivi por tanto sob perigos,
almejo mais um dia nestes lados
para me despedir dos meus amigos.
"NATO" AZEVEDO
(ao Jorge da MATTA FREIRE / RJ)