NAS TARDES
Vem a luz pela janela
E coisas, muitas coisas
São refletidas nas linhas de uma folha.
Incrível! Incrível!
A mente é invadida
E as figuras, e as imagens, e as visões -
Num colosso de memórias -
Vão abrindo os corações
E fazendo os corações
Criarem mil histórias.
Eu vejo o tempo como um carrosel
E tudo se repete e se renova...
A lua cheia vira lua nova
Enquanto choro o tempo no papel...
Eu vejo o tempo como um passarinho
Que vai voando em círculos suaves...
E tudo se reflete ao som das aves
Enquanto sinto o tempo aqui sozinho...
Tarde tranquila.
O sol poente e morno...
O voo de uma ave
E o canto da modernidade
E o vento nas folhas de uma árvore -
E as árvores da cidade!
Ventilador, vento ventilador.
Vento do ventilador, ventilador do vento.
Vento vem do ventilador - bem do vento
Que ventila a dor do ventilador
Sem vento do pensamento
Do ventilador com sentimento
Ventilando sentimento
Ventilando sentimento
Sentindo o vento...
Eu vejo o tempo como um vento errante
E tudo se comove e se repete...
No peito aberto o vento se reflete,
Enquanto verso o tempo d'um instante...
Sombras
Das esperanças
Vividas no silêncio
Fácil de um quarto.
Cantos
Das lembranças
Sentidas no pesar
Que se esquece na recordação
De um futuro que acabou de acontecer...
Rutilâncias,
Nas distâncias
Destas circunstâncias,
Querem as ressonâncias
Que posuem as infâncias
De um tempo sem dor.
Os mares,
Nos olhares
Destes lugares,
Querem o vento pelos ares
Que respiram os jantares
Das pétalas com cor...
Os reflexos do pensamento
São trazidos pela luz
Que entra pela janela
Invade a mente
E transforma linhas
Em versos
Do universo
Disperso
Que existe neste tempo controverso
De dizer que tudo é diverso
Na convergência de um plano transverso
Que se canta no meu calor.
Escrevo o momento
Que traduz o vento
Sem tempo ou sentimento...
Pois para ser mais que pensamento
É preciso ser sonho sem sofrimento -
De um vento com luz e com cor...
Pois tudo se resume
Quando não há nada mais
Em um verso sem sabor...
23/03/2013