BORBOLETAS OUTONAIS – Um duo




As tardes frias pintam
Na tela da natureza
As cores se excitam
Aquarela em ouro velho

Retrato bordado em lastro

Vai-se o verão deixando rastro
Folhas caem mansas e suavemente
Abrindo espaço dourando chão
A vida repousa delicadamente

Mesclam castanhos e avermelhados

Cambaleando
Uma
por
Uma...

Formam a paisagem exuberante

Secas estalam no imenso tapete
Chão de sonhos é palco extasiante
A terra toda transparece ramalhete
Leves ao sopro final

Desfazem-se pálidas, opacas

Ao chão
Umedecido dorme comovido
À espera algo novo a semear
É o tempo a apurar seus ouvidos
Disperso, algum fio de vida

Recebe em carícias doce orvalho

E exala derradeiro suspiro
A obra divina receberá o talho
Do manto da criação que espira
O que do verão se embaralhou

As folhas morrem...

Oh, natureza sábia
Relicário de múltiplas delicadezas.
Fonte perene de inovações
Intrépidas pulsações

Vida após vida essas outonais

Macias, úmidas folhinhas
Germe transcendente da seiva
Metamorfose pura do cio da terra
A preparar o ventre da nova era

Misturando em cores, viram borboletas

Nova aquarela em flor

De outras primaveras...

Duo: Graça Campos e Hildebrando Menezes
Navegando Amor e Maria das Graças Araújo Campos
Enviado por Navegando Amor em 23/03/2013
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